Katharina Grosse, Friburg / Alemanha
- arte contemporânea - neo-conceptualismo -
Katharina Grosse nasceu em 1961 na cidade de Friburgo, Alemanha, vive e trabalha em Dusseldorf e Berlim e é professora na Kunsthochschule Berlin-Weissensee desde 2000. Entre 1996 e a actualidade apresentou exposições individuais um pouco por todo o mundo - Alemanha, Áustria, Reino Unido, Suiça, Estados Unidos, Nova Zelândia, Austrália e Coreia do Sul, entre outros países.
Famosa pela forma singular de desafiar a arquitectura dos espaços expositivos através do uso de spray de cores, Katharina Grosse produziu dois novos e ambiciosos trabalhos especificamente pensados para os espaços do Museu de Serralves. Um dos trabalhos ocupa a sala central dos espaços expositivos do Museu, onde Grosse se interessou especialmente pelos diferentes níveis do espaço e pela janela alta na parede ao fundo dessa mesma sala. Ali foram colocados volumosos objectos produzidos para esta exposição – esferas e ovos com cerca de 70 cm de diâmetro. A artista pintou o chão, as paredes, as esferas e os ovos usando um compressor e uma pistola de tinta – para o efeito, a artista veste um fato protector que cobre todo o seu corpo. No corredor do lado direito do espaço expositivo do Museu, com cerca de 40 metros, a artista distribuiu pilhas de terra e pintou o chão, a terra e as paredes.
Extraído do press release da exposição «Atoms outside Eggs»
do Museu de Serralves no Porto.
«Foi em 1998 que Grosse utilizou primeiro as tintas em spray, depois de ter desenvolvido um conjunto de pinturas em diferentes suportes que eram simultaneamente estruturais, coloridas e sensuais. Desde aí, a sua obra tem vindo a desenvolver-se, a tornar-se cada vez mais extraordinária, e a atingir resultados espectaculares: a nebulosidade da tinta em spray, em todas as cores e combinações possíveis, a cobrir suportes arquitectónicos, a interagir com diferentes formas e massas tridimensionais introduzidas num dado espaço pela própria pintora.
Ao mesmo tempo que se traduz numa obra divertida e estimulante, esta exposição pretende também levar o público a focar algumas questões essenciais da natureza formal da pintura e problemas que estão no centro da realidade contemporânea, como a contaminação, quando Grosse espalha as suas cores em spray sobre pilhas de terra.
Como pintora, Katharina Grosse coloca a seguinte questão: que tipo de realidade é a pintura? Esta pergunta é colocada através de outras perguntas: qual é o lugar da pintura; quais as relações entre a tinta, a cor e o seu suporte; quais as diferenças entre pintar e imagem? A linguagem que utiliza para colocar todas estas perguntas é, no entanto, totalmente fora do comum e aproxima-se do espectacular: pinta usando pistola de tinta ou spray, usa cores violentas e movimentos de grande alcance que atravessam todas as componentes de um dado cenário arquitectónico incluindo a mobília, as roupas, o solo, os objectos geométricos, etc.»
Ulrich Loock, Comissário da Exposição
e Director-adjunto do Museu de Serralves