Old School - A influência dos Grandes Mestres na pintura contemporânea
Old School é um fenómeno recente na arte contemporânia, na medida em que celebra o assumir de um novo compromisso com as formas de representação dos Grandes Mestres da pintura. Uma nova geração de artistas toma como referência as obras de arte desses grandes clássicos, redefinindo e recontextualizando as técnicas, as temáticas e a expressão através da imagem, dos seus antecessores. A exposição Old School pretende assim estabelecer o diálogo entre o clássico e o actual, através de uma selecção de obras que vai desde o século XV até à actualidade.
Nesta exposição, cada um dos jovens artistas apresenta a sua própria conceptualização artística a partir dos referenciais históricos. Adoptando as iconografias, os ritmos gráficos e as técnicas de Lucas Cranach (1472-1553), as pinturas de John Currin de meados a finais dos anos 90, introduzem uma complexidade histórica e um estilo distinto e elegante aos corpos femininos, provocadoramente artificiais, que figuram nas suas obras. Artistas como: Currin, Anj Smith e Djordje Ozbolt, conscientemente fazem uso das composições clássicas da pintura de género, histórica e paisagística, de modo às suas imagens fazerem lembrar as obras de arte do passado, enquanto exploram o fosso entre as antigas e as actuais sensibilidades. Esta observância de diferentes tempos numa só imagem, é também explorada nas complexas pinturas de Hilary Harkness, que faz confluir episódios históricos com extravagância contemporânea, e também nas obras de Richard Wathen, cujos retratos expõem concentradas numa só as várias idades da vida do ser humano.
Enquanto que a destreza técnica é uma característica de muitos dos trabalhos da exposição, as atitudes expressas em relação à arte do passado variam enormemente. Enquanto algumas das homenagens de artistas contemporâneos ao trabalho dos grandes mestres são assinaladas com ambivalência, o trabalho de Berlinde de Bruychere, por oposição, responde com a utilização de materiais intemporais com vista à abordagem do tema do processo de envelhecimento de uma forma afectuosa e sincera. Por outro lado, as semelhanças superficiais de Glenn Brown e Anj Smith com as icónicas obras clássicas abrem caminho à inovação estilística.
Tal como nas obras dos Grandes Mestres e nas dos contemporâneos, teatricalidade e narrativa são amplamente toleradas. As alegorias podem ser lidas e as opiniões produzidas através de detalhes ocasionais e de formas exageradas e idealizadas. Sentimentalismo, humor e representação são evidentes em obras como: “Great Battle under the Table” de Jakub Julian Ziolkowski e “Self Portrait as a Tender Mercenary” de Julie Heffernan, enquanto que é o modo antiquado de vestir das pessoas que habitam as paisagens semelhantes às de Brueghel, de Christopher Orr que confere estranheza aos seus quadros. Tal como Orr, Borremans, Peyton, Kilimnik e Raedecker, todos eles constroem implacáveis e fabulosos contos de fadas da junção entre as realidades dos tempos modernos com elementos e estilos que apontam nostalgicamente para o passado.
Zwirner & Wirth Gallery, New York
(traduzido por Fernanda Valente)