Pedro Cabrita Reis, Lisboa / Portugal
- arte conceptual contemporânea -
A presença de Pedro Cabrita Reis no mundo da arte data de meados dos anos 80.
Ficou conhecido no meio artístico pelas suas numerosas instalações, próximas da arquitectura, construídas a partir de materiais recuperados e de néons. Representou Portugal na Bienal de Veneza de 2003, com a sua obra “Longer Journeys” e no ano de 2004 teve os seus trabalhos expostos em numerosas exposições internacionais, com destaque para: Le Grand Café, Saint-Nazaire; Kunsthalle Berne, Berna; Frac Bourgogne, Dijon e Camden Arts em Londres. Cabrita Reis continua a interrogar o espaço com materiais extraídos da arquitectura que tornam o real mais poético.
As construções de Pedro Cabrita Reis, abordam questões sobre o espaço, o tempo, a relação com as coisas e a viagem que a vida representa. O artista adopta uma filosofia de “desconstrução”, com vista a reconstruir com o que já existe. Isso leva-o a pensar a realidade de uma outra forma. Só os que são capazes de se libertar do que já conhecem, se poderão abrir a uma nova realidade, regida pelas suas próprias leis, ajustada a elementos do real que cada um de nós conhece. As suas criações são feitas, na maior parte das vezes, no local. Surge assim a ideia de que o local e os materiais utilizados são sinais visíveis de um trabalho muito mais aprofundado, alimentado pela filosofia e pela poesia.
A arquitectura é uma forma de habitar o mundo, uma construção frágil levada a cabo pelo homem, que, de um momento para o outro, poderá desintegrar-se ou ser reutilizada. O seu trabalho confronta uma consciência individual subjectiva com uma dimensão colectiva, introduzindo as noções de memória e de viagem.
As suas instalações transformam-se numa metáfora ao colocar a questão do lugar que cada um ocupa na vida, daí a importância dos degraus em “Northern Stairs, 2002” e das portas, tais como as que encontramos na série “Favorite Places, 2004/05”. O néon que deixa transparecer uma luz fria, permite jogar com as diferenças de temperatura e também com o momento, transmitindo uma atmosfera particular a cada instante: por ex., reminiscência com a peça “Some Other Time, 2003”. O silêncio encontra-se também presente no seu trabalho como um momento de recolhimento permitindo um primeiro distanciamento em relação à obra. A obra “The Passage of the Hours, 2004”, instalação realizada no Museu Middleheim em Anvers, destaca simultâneamente a importância do momento e do silêncio: exibida no exterior, a peça apresenta-se como um vestígio no parque durante a tarde. De noite, ao contrário, ela alcança um novo sentido através da iluminação produzida pelos néons.
As instalações do artista, apresentando-se ora como o esqueleto de uma construção passada, ou, ao contrário, em via de o vir a ser, não cessam de nos surpreender. Em exposições subsequentes, Pedro Cabrita Reis continua a explorar a relação criada entre as suas instalações e o espaço, com a apresentação de uma série de novas peças em Paris, em 2005 (Galerie Nelson-Freeman) e em Bruxelas, também em 2005 (Galerie des Filles du Calvaire).
Tatiana Trouvé, France Culture, Abril 2005
(traduzido por Fernanda Valente)
Nota: A biografia do autor e as obras aqui referenciadas poderão ser consultadas no sítio oficial de Pedro Cabrita Reis.
Actualmente, o artista encontra-se representado na exposição "Portugal Agora" no Museu de Arte Moderna Grand-Duc Jean, no Luxemburgo e na Kunsthaus em Graz, na Áustria, com a instalação "True Gardens" # 6
«The Large Self-Portraits»: imagens cedidas por cortesia do autor.